A NOSSA DEPENDÊNCIA

Almograve - do árabe al-mugáuár, «o que faz incursões»

Vamos olhar a praia com outros olhos e mostrar essas novas imagens a todos os "dependentes" deste local. Vamos recordar aquilo que desapareceu com o tempo, mas que ainda paira na nossa memória. Convido-vos a partilhar a paixão pelo Almograve.


Maria Filomena Ponte Silva



sexta-feira, 17 de maio de 2013

CORRER A COSTA



   Um destes dias, o meu primo António Ginjeira perguntou-me: “Sabe o que quer dizer “correr a costa”? Encolhi os ombros e percebi que vinha ali história.
   Era habitual os habitantes do Almograve e redondezas percorrerem as praias e os rochedos, em busca daquilo que o mar pudesse trazer. Chamava-se a isso correr a costa. Faziam-no sobretudo durante a  noite, não se fosse dar o caso de, encontrando algo mais valioso, serem obrigados a pagar uma taxa sobre o achado. Encontravam um pouco de tudo e até objetos fantásticos de uso e origem desconhecida como uma simples lâmpada.
   Uma noite, aperceberam as luzes de um barco que se aproximava perigosamente das rochas. Era uma draga que estava a ser rebocada e que, no momento em que os cabos se partiram, ficou entregue à sua triste sorte: encalhar nos rochedos.
   Os intrépidos “corredores” da costa imaginaram facilmente a riqueza que poderiam retirar dali. E assim foi: a draga foi praticamente desmantelada e o ferro vendido.
Quando forem para os lados do Zé Romão, olhem para sul e imaginem.