Um destes dias, o meu primo António Ginjeira perguntou-me: “Sabe
o que quer dizer “correr a costa”? Encolhi os ombros e percebi que vinha ali
história.
Era habitual os habitantes do Almograve e redondezas percorrerem
as praias e os rochedos, em busca daquilo que o mar pudesse trazer. Chamava-se
a isso correr a costa. Faziam-no sobretudo durante a noite, não se fosse dar o caso de, encontrando
algo mais valioso, serem obrigados a pagar uma taxa sobre o achado. Encontravam
um pouco de tudo e até objetos fantásticos de uso e origem desconhecida como
uma simples lâmpada.
Uma noite, aperceberam as luzes de um barco que se
aproximava perigosamente das rochas. Era uma draga que estava a ser rebocada e
que, no momento em que os cabos se partiram, ficou entregue à sua triste sorte:
encalhar nos rochedos.
Os intrépidos “corredores” da costa imaginaram
facilmente a riqueza que poderiam retirar dali. E assim foi: a draga foi
praticamente desmantelada e o ferro vendido.
Quando forem para os lados do Zé Romão, olhem para sul e
imaginem.